Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Ainda há uns meses escrevíamos aqui, aquando da vinda de Will Guthrie, que “não deixa de ser meio evidente que nos últimos anos temos vivenciado em partes ocidentais uma espécie de acordar exponencial para as possibilidades da percussão” e surge agora este trio de percussão suprema bem livre com o nome de Alma Tree a continuar essa mesma lógica. Pedro Melo Alves tem mantido aqui em casa uma fértil residência chamada Ciclo Conundrum em consonância como uma actividade efervescente que se espraia por entre projectos como Rite of Trio, o seu Omniae Ensemble e inúmeros encontros dentro e fora do jazz e de portas, num contínuo de produção notável. Labuta constante que é também apanágio e forma de estar na vida de Vasco Trilla, músico luso-catalão viajado com fortes ligações à frutífera cena improvisada-jazzística polaca, cuja linguagem se expande continuamente numa procura de novas formas de expressão percutivas, recorrendo e inventando todo um manancial de técnicas que levam a tocar nos mais diversos contextos – a fusão de Planeta Imaginario, o rock esquivo de October Equus, o free jazz de Cows in Trees ou incursões por músicas não ocidentais – sempre com admirável sede de descoberta. A fechar esta triangulação, o mestre Ra-Kalam Bob Moses, veterano nova-iorquino cuja actividade remonta ao final da década de 60 sob a batuta de Roland Kirk e Gary Burton e que tem continuado, inabalável, a espalhar a palavra do jazz e da liberdade a quem de direito – i.e. toda a gente. Enfático no papel educacional da música, nas últimas décadas tem-se dedicado com afinco e paixão ao mentorado, recolhendo alunos para tocarem as suas obras num espírito comunitário não muito distante daquele propalado pelo saudoso Milford Graves. Redescobrindo-se a si próprio nesse mesmo processo, feitio de luminários que não cedem ao conformismo bacoco do jazzinho ou ao peso da reputação, mesmo que essa traga consigo nomes como Carla Bley, Herbie Hancock, Charles Mingus ou Hermeto Pascoal – a lista é infinita, tocou até no ‘Runt’ de Todd Rundgren. A abrilhantar ainda mais esta celebração, junta-se à armada percutiva um trio de saxofonistas de respeito nas figuras de Albert Cirera, João Mortágua e Yedo Gibson. Imponente. BS
Abertura de Portas
21h30