Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Tropa invocada pelo guitarrista Luís Lopes, a Abyss Mirrors Unit serve-se, nas palavras do próprio, das fundações inspiracionais e procura dar continuidade a uma música que nasce dos ensembles de Sun Ra, avança pelos períodos eléctricos de Miles Davis e Ornette Coleman e prossegue com Wadada Leo Smith. Tarefa hercúlea mas plena de intenção, edificada num ensemble constituído por uma dezena de figuras vindas de áreas tão díspares como interseccionais: do jazz, claro, mas também da improvisação livre, da electrónica, da contemporânea ou do rock. Tudo gente reconhecida e reconhecível num conluio de comparsas mais ou menos habituais das andanças de Lopes: o próprio e Flak na guitarra eléctrica, Jari Marjamaki e Travassos nas electrónicas, Felipe Zenícola no baixo eléctrico, Yedo Gibson e Bruno Parrinha nos saxofones e uma secção de cordas constituída por Helena Espvall no violoncelo, Maria da Rocha no violino e Ernesto Rodrigues na viola. Luxo.
Da música gravada em sessões no Namouche, e a chegar a público por estes dias, levanta-se um som em constante mutação, entre passagens atmosféricas, geridas com a contenção tensa de quem escuta e percebe o seu lugar numa banda de grande formação e momentos de êxtase colectivo sem ponto de chegada. Movimentos de harmonia esquiva que se revolvem em si mesmos na linha do assombro lírico de 'He Loved Him Madly' do Miles em linha de contacto com um turbilhão de cordas que traz aquela libertação dos ensembles de Alan Silva, frases electrónicas tão meta-rítmicas quanto paisagísticas e mais desvios e continuidades certas, num jogo de espelhos abismal. O nome está bem entregue. BS
Abertura de Portas
21h00