Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
“Sinto que não estou só a coreografar o movimento; estou também a coreografar o espaço”. A citação na revista online NR aquando entrevista à artista, poderá soar uma razoável conclusão de quem vem vindo a acompanhar o seu trabalho. Nascida na região sul da China, Guiyang, porém, a residir em Berlim nos últimos anos, Pan Daijing faz parte de uma vasta lista de criadoras sonoras a redefinir a música contemporânea. Integrou em inúmeras performances e marcou passagem em certames de sonho como Sónar, CTM, Atonal ou Unsound. Do ruído tem gerado multiplicidades de expressões; do fogo crepitante do pós-industrial às margens da ópera e da música concreta. Trágica, emocional e transgressora – na tentativa de enquadrar possíveis traços ao indescritível.
Entre a voz da própria, sintetizadores analógicos e field recordings, a obra de Daijing completa-se, álbum após álbum. Lack e Jade depressa se tornam em clássicos modernos. Altamente texturais, as suas composições desbravam géneros, épocas e geografias; mais que demonstrar caminho, molda trilhos aparentemente impossíveis para destinos maiores. Circulando por temáticas associadas à mitologia antiga ou à emancipação social, a música de Pan Daijing questiona e confronta a natureza da sua própria realidade. Inevitavelmente, evoca a condição humana numa cerimónia imaginária de terra molhada e fogo crepitante.
O frenesim de apresentações em diversas instituições de arte e museus pelo mundo fora possibilitaram essa exploração mais conceptual em redor das suas criações sonoras e visuais. Em 2023, regressa aos palcos, mas com menos pautas e mais máquinas; a necessidade de voltar a espaços mais vívidos e intimistas em que os ritmos possam lançar o tom da noite. Por este motivo, um regresso a Lisboa que na verdade mais parecerá uma estreia. Naturalmente obrigatório.