Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Encontro de duas figuras que quase poderíamos dizer análogas na singularidade e posicionamento no intricado rendilhado da música mais exploratória deste continente. Duas carreiras já longas e amplas nas abordagens e encontros pelo caminho, pautadas por um sentido de obstinação e conduta aberta a possibilidades - não é paradoxo. "Zíngaro" é tão somente um dos artistas mais pivotais na criação e avanço de músicas feitas por cá. Fundador dos míticos Plexus no final da década de 60, responsáveis pela libertação do rock psicadélico em direcção ao free jazz em solo luso, passou e fez a capa alucinada de 'Os Benefícios de um Vendido no Reino dos Bonifácios' da Banda do Casaco já depois do final da Guerra Colonial e tem forjado ao violino uma obra entre a composição, o experimentalismo e a improvisação que o levou a colaborar ao longo destas décadas com músicos como Evan Parker, Anthony Braxton, Jorge Lima Barreto ou Otomo Yoshihide e a compor amplamente para dança, teatro e cinema para obras de gente como Olga Roriz, Vera Mantero, Ricardo Pais ou Fernando Lopes. Sem concessões perante barreiras hereditárias e/ou hierárquicas continua hoje em salutar actividade, ao lado de nomes mais ou menos recentes do jazz e da improvisação como Marcelo dos Reis ou Helena Espvall. Longa vida.
Ligeiramente mais novo, o franco-argelino Jean-Marc Foussat tem estado desde meados da década da 70 a desbravar terreno nos campos da electrónica, electroacústica e improvisação. Músico e engenheiro de som - responsável pela gravação de discos de Joe McPhee ou Massacre de Bill Laswell e para editoras como a Incus ou a Hat Hut -, Foussat estreou-se a solo em 1981 com 'Abattage', disco seminal na cena francesa lançado na sua Pyjama composto a partir de gravações de campo, vozes, piano, guitarra e o sintetizador VCS III, que teve até direito a um bootleg na Creel Pone de Keith Fullerton Whitman. Mestre dos domínios do peculiar VCS, Foussat passou por bandas como Marteau Rouge ou Trash The Flash e colaborou com Jac Berrocal, Paul Lovens, Noël Akchoté ou, claro, Evan Parker e continua imperturbável o seu caminho. Longa vida, também. BS
Abertura de Portas
21h00