Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Contour
Senhor maior no r&b visionário, o norte-americano Contour reinventa as formas possíveis de expressar um trabalho autobiográfico. Narrativas, memórias e canções singulares que se ajeitam entre a herança dos clássicos e as possibilidades da vanguarda. Circula, por chamamento magnético, pelo rap ou pelo jazz com semelhante gosto com que espreita o arco-íris do psicadelismo. Dois álbuns fizeram do seu nome um dos mais cotados do momento – e um dos convidados no próximo disco de Loraine James. Essa versatilidade de se expandir em diferentes cosmologias torna-o infalível no ato de pasmar a quem o escuta.
O último Onwards! é uma espécie de clássico imediato. Espiritualmente revolucionário, coleciona versos urbanos num disco cinematográfico como sabe ser. Trouxe a diáspora e a ousadia consigo, iluminado por Sun Ra, Stevie Wonders ou Erykah Badu, numa viagem sensorial de ritmos e palavra. O tom confessional que atravessa o seu trabalho permite a entrada em recantos da mente, porém guia-nos igualmente para esse confronto com o dito real. A realidade histórica, social e política que Contour se debruça com emoção. Pelo uso a material de arquivo como interlúdios e uma lírica cronista e eficazmente inteligente, recorda-nos a estreia de Kendrick Lamar; no entanto, paira por aqui mais céu e lua, mais meditação activa. A imensidão de retalhos aveludados com que opera dá-nos a pista para uma criatividade multifacetada, consciente do seu tempo. NA
Abertura de Portas
21h00