Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Jeff Rosenstock
O que seria da música popular sem workaholics? Há vários, para todos os géneros e feitios, há os que se envaidecem com isso e os que vivem na sombra dessa ideia, arranjando formas de se desculparem para os deste lado pensarem pouco nisso. Jeff Rosenstock coloca-se neste segundo grupo por vontade de fazer e humildade. Poder-se-ia considerar o esconder fazer como um gesto de autodefesa e vergonha, só que as acções falam por si só. Rosenstock é de outra fibra, nasceu nos 1980s, quando o DIY antipatizava com o sistema para criar o próprio caminho. Aprendeu - aprendemos - muito com isso. Vai daí, ainda antes dos streams tomarem conta disto tudo, decidiu criar a Quote Unquote Records em 2006, editora independente que funciona somente por doações e que criou uma imagem de marca para o músico, entre o DIY e a espontaneidade da criação.
Antes disso, liderava os Bomb the Music Industry! e rasgou todas as páginas do livro de regras de bandas que queriam ser famosas na era da Internet. Escreveu o próprio livro, sem regras, com canções que gritam pela libertação das fantasias dos modelos avançados do capitalismo saudável. Faz canções que não querem ser hinos, mas gritos da espontaneidade de que trabalha activamente a mudança.
Entre 2006 e hoje muita coisa mudou. E muitas coisas aconteceram na vida de Rosenstock que poderiam ter alterado o ênfase numa cultura punk-independente, sendo a principal a criação da música para a série do Cartoon Network Craig of the Creek. Deu-lhe uma outra audiência e, algures no caminho, uma nomeação para um Emmy. O peito podia ter-se enchido de colaborações vazias e ambições desnecessárias para alguém com uma quase-imaculada (ninguém é santo) carreira no DIY. Ir para um estúdio de jeito - EastWest Studios, com o produtor Jack Shirley - para gravar HELLMODE deve ter sido o maior crime que Rosenstock alguma vez cometeu. Bom, seria crime se HELLMODE se ouvisse como uma traição, mas está tão cheio de euforia, paranoia e movimento, encaixa altos e baixos como quem tem quebras de açúcar e se chateia por tudo e por nada. Algures nessa instabilidade, viabiliza o imprevisível que pulsa em cada canção e faz de HELLMODE um banho conjunto de suor, empatia e adolescência eterna. Um brinde aos que fazem muito e que fazem bem, aos que quando mudam de carro continuam a conduzir da mesma maneira. Tipos como Rosenstock dão aquela força para acreditar. AS
Abertura de Portas
21h30