Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Presença quase ubíqua em diversas frentes de músicas de descoberta, Oren Ambarchi clama para si a proeza, meio rara, de uma abençoada e constante pertinência, escapando ao jugo daquela figura tutelar e de respeito mas cuja actividade em piloto automático se desenha à sombra de feitos passados. Incansável, o músico multi-instrumentista australiano tem vindo a construir um corpo de obra capaz de gravitar em torno de diversas linguagens, seja a solo ou em inúmeras colaborações arrastando pelo caminho seguidores que tanto podem vir dos meandros mais esotéricos do rock e do metal, como da electrónica aventureira, pântanos do drone do noise, inquietos da improvisação ou estudiosos da composição. Sem que essa capacidade plural alguma vez resvale para algo derivativo, Ambarchi vem, desde a década de 90 a conduzir-se por um princípio de (re)descoberta constante que, após uns anos mais ou menos formativos ligados à percussão a que ainda hoje vai recorrendo, tem primariamente na guitarra o veículo primordial para investigações sónicas para fora da zona de conforto canónica do instrumento.
A sua imponente discografia, que passa por editoras tão respeitáveis como a Touch, eMego, PAN, Drag City ou a sua própria Black Truffle - reveladora de um curador atento e apaixonado - vai desde densas e turbulentas paisagens de guitarra solo - Suspension -, a intricados drones para cordas, teclados e percussão - Grapes From The Estate -, peças suspensas tão tensas quanto contemplativas - Triste - a explorações em torno do ritmo e da (aparente) repetição em discos tão celebrados como 'Hubris', 'Quixotic' ou, mais recentemente, 'Shebang', para os quais reuniu um impressionante cast the colaboradores que incluem gente como Ricardo Villalobos, Arto Lindsay, John Tilbury ou Julia Reidy. E isto apenas em nome próprio. Pelo meio, um sem número de associações que vão do seu trio incendiário com Jim O'Rourke e Keiji Haino, ao free jazz psicadélico de Ghosted, ao lado de Johan Berthling e Andreas Werliin, à participação em 'Black One' e 'Monoliths & Dimensions' de Sunn O)))) ou a estudos minuciosos em torno do timbre e da textura com Keith Rowe. Impulsos de uma mesma visão panorâmica que muito terreno inóspito têm desbravado, e nesse movimento hiperactivo, abrem todo um leque de possibilidades ainda muito longe de se esgotar. Caso raro de bravura e mestria. BS
Abertura de Portas
21h30