Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Sophia Chablau não gosta de silêncio, sente a coisa como algo horrível e por isso, diz ela, gosta de falar, de não estar calada. Deste lado, preferimos que esteja sempre a falar, a cantar, a sua voz está rapidamente a tornar-se uma coisa séria no Brasil - e fora dele -, através de projectos como Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, Besouro Mulher e até a solo, como se apresentará agora. Claro que correrá o seu repertório no seu habitual estilo irrequieto, incansável, de quem não consegue estar calado. Até porque não é uma boa altura para ficar calado.
Zé Ibarra e Ana Frango Elétrico já gravaram canções suas. Esta última produziu o primeiro álbum, homónimo, de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, de 2021, que confirmou o burburinho à sua volta e os colocou como uma das coisas mais excitantes a acontecer naquele Brasil que precisava - ainda precisa! - de agitação. “Música Do Esquecimento”, do ano passado, confirmou esse estatuto. Com esta banda, Sophia ajudou a criar uma comunhão perfeita entre os Velvet Underground, as bandas da Elephant 6 e os Stereolab, onde rock é doce, fluído, inspirado e para inspirar, com uma sensação de saber da história misturado com uma admirável desenvoltura na lírica, tanto a escrita como a forma que é proclamada: pense-se numa Maria Reis brasileira de São Paulo e com - quase - tudo que isso acarreta.
Voltando à inquietude, ao lado irrequieto, Sophia Chablau canta com a liberdade de uma geração, o à-vontade de poder cumprir a comunicação como a imaginámos, cantar as palavras com o tom certo para que se sinta o que realmente lhe vai na cabeça. Faz música de poesia moderna, de coisas que se poderiam ler em mensagens, num mundo onde essas mensagens são as cartas de amor: sem o terno das cartas de amor do passado, mas com o instinto matador/aborrecido/completo que se mete numa dúzia de caracteres. Se quisermos, até há emojis no que canta, como o diz e faz fracturar mil e uma emoções reconhecíveis e à flor da pele. Mais do que perceber o momento, esta voz canta-o com as palavras na rapidez com que se paga. Mel eléctrico, sabe-se lá onde é que está a perda de tempo nisto tudo. BS
Abertura de Portas
21h30